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A BIBLIA É A PALAVRA DO DEUS VIVO JEOVÁ.

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DISSE JEOVÁ DEUS: "Eu sou Jeová.Eu costumava aparecer a Abraão, a Isaque e a Jacó como Deus Todo-Poderoso,mas com respeito ao meu nome, Jeová,não me dei a conhecer a eles".Êxodo 6:1-30

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

Moradores revivem passado com baixa do Lago de Furnas em MG

Ao adentrarmos na pequena cidade de Guapé, no Sul de Minas, alguma coisa soa estranha no ar. As largas ruas são incompatíveis com as estreitas vias de cidades sul mineiras com cerca de 100 anos, como Guapé. A Igreja Matriz, no Centro da cidade, foi elevada de um projeto moderno, e em volta da praça principal não há nem sombra de casarões antigos típicos da configuração da maioria das pequenas e antigas cidades da região. Estamos na nova Guapé, aquela construída após o reservatório de Furnas tomar dois terços da antiga. As ruas, lotes, a nova praça e igreja foram planejadas pela equipe de Furnas que evacuou a cidade que seria alagada.

Em uma das 10 casas projetadas para os funcionários de Furnas à época da inundação (hoje reformada e diferente da original), dona Maria Esmeralda Ávila Peres folheia as reportagens antigas que retratavam Guapé dias antes de sua inundação. Com 75 anos, nascida e criada na cidade, a professora aposentada guarda documentos antigos da Guapé que passou a vida, tanto a antiga quanto a nova.

No arquivo de dona Esmeralda, é possível ler a edição de 1963 da extinta revista Manchete, que anunciava: “1.200.000 KW contra o subdesenvolvimento – Furnas: a enchente do progresso”. No decorrer da matéria, uma foto mostra uma mãe e seus dois filhos observando a água tomar conta das paredes de uma residência. A citação acima da foto explica: “A tristeza de alguns é apenas momentânea, pois sua região receberá os benefícios do progresso”.

“Vieram muitos jornalistas aqui pra cidade ver a situação, porque era uma situação inusitada ‘né’, uma cidade sumir embaixo d’água”, conta dona Esmeralda ao folhear outra matéria, da revista O Cruzeiro, mostrando outra parte da história um pouco mais triste: o desespero dos moradores que perderam quase tudo em alguns dias. A reportagem de José Franco (que chegou a ganhar o Prêmio Esso de Reportagem em 1963) cita o choro, a resistência dos moradores, a incredulidade e até o suicídio de um.

Ela cita ainda a ironia da situação: a bandeira do município carrega a inscrição em latim “Fluctuat ne mergitur” (Flutua, não se submerge). Pois em 1963, Guapé submergiu nas águas de Furnas. “As comportas de Furnas foram fechadas às 0h do dia 9 de janeiro. As águas levaram cerca de oito dias para chegar em Guapé”, continua dona Esmeralda. Ela conta que os moradores foram avisados que a cidade seria alagada, mas que o dia não foi informado.

Muita gente desacreditou dessa possibilidade. No dia que as comportas foram fechadas para formar o reservatório, o monsenhor da cidade que sempre anunciava as notícias da região nos alto-falantes da igreja não avisou a população do que iria acontecer. Estava em viagem, presente de Furnas pra ele, segundo dona Esmeralda.

Helicópteros e caminhões do Exército jogavam planfletos e mandavam os moradores saírem correndo porque a água ia tomar a cidade em dias. A diversão das crianças nos dias da inundação era colocar varetas na terra, e à medida que a água se aproximava, eles mediam quanto ela havia subido de um dia para o outro. A diversão acabou quando as águas começaram a tomar a cidade.

Segundo dona Esmeralda, algumas casas foram construídas na nova Guapé para abrigar a população, mas na época da evacuação, os imóveis não estavam prontos. “Quando a água chegou, esse bendito bairro não estava pronto, não estava terminado. As casas estavam sem portas, não tinha janelas, a água não estava chegando nas residências. No meio do quarteirão fizeram uma latrina e ali todos que moravam em volta usavam o local. Então foi uma coisa muito deprimente, muito triste. Pais de famílias grandes, até importantes, que viviam com um certo conforto, foram obrigados a usar aquilo, porque as casas não saíram a tempo pro povo habitar com um certo conforto.”Fonte:G1